quarta-feira, 24 de novembro de 2010

HAPPY ROCKERS

Origem

O movimento Happy Rock tem suas raízes nos movimentos Emo e Power Pop, e tem chamado atenção no país devido ao sucesso da banda paulista Restart. Além da faixa etária, entre 12 a 18 anos, os happy rockers herdaram dos emos o gosto por falar de seus sentimentos. Porém, enquanto os emos dão ênfase ao sofrimento e as lágrimas, os happy rockers dão lugar ao pensamento positivo e aos sorrisos. Por isso, preto e roxo são substituídos por uma explosão de cores a fim de ilustrar todo o alto astral que eles querem transmitir.
Esse otimismo e alegria são traços absorvidos do Power Pop, que tem como principal temática musical o amor e seus meandros, acrescentados a sonoridades vindas do universo eletrônico. A proposta colorida e dançante segue uma tendência que começou a aparecer no começo dos anos 2000, com bandas como Forever The Sickest Kids, Metro Station e Danger Radio.
Por volta de 2006, a banda norte-americana All Time Low trouxe elementos coloridos e de humor para o seu estilo, vindo principalmente da influência da banda Blink 182. All Time Low influenciou a Cash Cash, que veio bem mais colorida. No Brasil, essa tendência ganhou força através da banda Cine. Esta foi pioneira em utilizar tanto as roupas coloridas, quanto samplers e sintetizadores somados a letras que falam de amor e curtição.
Contudo, a grande explosão do Happy Rock se deu graças ao fenômeno teen Restart. A banda tem como nome o comando utilizado no video-game quando se quer reiniciar a partida. Apesar dos meninos tocarem juntos desde seus 11 anos, a banda só foi ter seu formato final há 2 anos.
Já o sucesso, apareceu há mais ou menos 1 ano, depois que eles se utilizaram de uma relação intensa com o público e aderirem, mais do que nenhuma outra banda, ao visual extremamente colorido. O Restart catalisou a incorporação de uma série de elementos que já estavam sendo adotados por diversos adolescentes e foi responsável por transformar um visual alternativo em um fenômeno pop. Por isso, entender o sucesso dessa banda é também entender como eles se apropriaram desses elementos e fascinaram essa tribo que chamamos Happy Rock.


Comportamento

Os membros dessa tribo fazem parte da chamada geração Z, que são os jovens que nasceram em meados dos 1990 até o começo dessa década e se desenvolveram junto aos avanços tecnológicos mais recentes. A geração Z não conhece a vida antes da internet e foi criada “dentro” das redes sociais, se mostrando cada vez mais preocupada com a sustentabilidade e disposta a não pagar por produtos e serviços que podem ser encontrados gratuitamente. Além disso, suas identidades transcendem seu lugar de origem, pois são determinadas pela internet. Vivem em um universo onde tudo pode ser remixado, podendo até mesmo se tornar um hit mundial no dia seguinte.
Como consequência, esses jovens aparecem mais abertos a novidades e novas experiências, contra qualquer preconceito.
As bandas de Happy Rock são uma consequência disso e também parte desta construção. Como membros dessa geração, eles souberam como ninguém utilizar novas mídias e estabelecer um novo tipo de relação



A Cine, em 2009, foi a 1ª banda nacional a ultrapassar a marca de 3 milhões de execuções no MySpace, entrando no topo da cena underground e conquistando um público fiel graças ao meteórico alcance na internet. Já a banda Restart foi inovadora principalmente na forma com que soube se comunicar com o público.
Inicialmente, divulgou suas músicas em colégios através de sites de relacionamento. Mas conforme a banda foi crescendo, através do Twitter, MySpace e Fotolog, eles ainda se mantiveram muito próximos aos fãs, que mantém uma relação online quase que diária com seus ídolos. A comunidade oficial no Orkut contém 115 mil membros. Assim, usando o conhecimento que tinham de redes sociais, conseguiram cativar um grande número de pessoas em um tempo muito curto.

Além disso, Restart é famosa por fazer promoções em seu Fotolog, como por exemplo sortear algumas das peças de roupas utilizadas por eles na capa do cd. Atividade que mantém os jovens sempre atentos e na expectativa de novidades. Esse tipo de ação envolve não só quem participa ou quem ganha, mas todas as pessoas relacionadas a essas. A banda também ofereceu totens para baixar suas músicas em lojas de seus patrocinadores e em seus shows, passando a considerar que os jovens sim baixam músicas, aliando a ferramenta a identidade da banda.


Estilo

O principal item que caracteriza esse estilo, sem dúvida, são as cores, que estão sempre presentes, nem que seja no formato de acessórios, como relógio, pulseiras ou óculos.
O movimento Happy Rock resgata muito do que já foi moda nos anos 1980 e que foi recentemente relido pelo estilo New Rave. A diferença dos happy rockers é que eles fazem uso desses elementos de forma mais massificada, já que estão em idade escolar e têm menos poder de compra, geralmente recorrendo as grandes magazines ou a lojas menores e independentes para adquirir as peças coerentes ao estilo.

A base desse visual é a famosa calça skinny colorida somada a camisetas com silks, sneakears (tênis) e acessórios diversos. As estampas das camisetas trazem desde elementos do universo infantil até frases bem


É interessante observar como esta base é andrógina e por isso serve tanto para meninos quanto para meninas. Os meninos dessa tribo são extremamente vaidosos e não tem o menor problema em assumir isso. A preocupação com a aparência vem desde a roupa até o cabelo, que tranquilamente admite o uso da chapinha. Além disso, a maioria das calças skinny usadas pelos meninos são femininas, já que este modelo em versão masculina é raro de encontrar.

E embora essa vaidade leve algumas pessoas a pensar em bissexualidade, muitos happy rockers são heteros. Mesmo assim, é visível como cada vez mais a bissexualidade deixa de ser um tabu e passa a ser um assunto falado com naturalidade por eles.
Atualmente, a banda Restart tem sua própria marca de roupas e acaba de fechar uma parceria com a Reebok através da divulgação da linha de tênis Zig Tech.


Música

O Happy Rock dessas bandas vem do Power Pop contemporâneo, de grupos influenciadas por Pop Punk, presente na energia dos riffs de guitarra, mas caracterizada pelo uso de melodias mais alegres e uma estrutura rítmica de Hard Rock, com apenas partes mais rápidas vindas do Pop Punk.
Os solos de guitarra não são muito comuns e os arranjos musicais são mínimos. O que mais afasta esse subgênero do Pop Punk é o uso de teclados, que dá um colorido mais variado e reforça a melodia vocal. Como tudo o que é pop, as músicas duram 3 minutos e o grande destaque está no refrão, que deve ser bem memorizável.
Em 2009, a fama na internet resultou em 2 prêmios para banda Cine: revelação no VMB da MTV e no Multishow, premiações que são julgadas exclusivamente através da votação do público pela internet. Em 2010, foi a vez da Restart que, com a sua devida proporção, levou 5 prêmios no VMB, entre ele hit, artista e clipe do ano.
Contrariando a ideia de que disponibilizar músicas na internet não vende discos, Restart já vendeu 50 mil cópias de seu 1º CD e acaba de regravá-lo em espanhol. A ideia é iniciar uma turnê que passa por Chile, México e Portugal, onde a banda já possui fã-clubes.









Editoriais

O colorido Happy Rock também está presente no mundo da moda, como neste editorial feito pela Vogue. A ideia é de que o guarda-roupa masculino pode e deve ser mais colorido.

Editorial Chromo Zone para Vogue Hommes


Make 

A explosão de cores também atingiu as maquiagens, que são também uma ótima opção tanto para quem quer aderir totalmente às cores quanto para quem prefere ter um look mais sóbrio, mas com uma pitada de diversão.


Gloss Koloss| Esmaltes Impala | Sombras Mac


Celebridades

Várias celebridades aderiram ao jeans colorido, mostrando que ele também fica ótimo de salto alto ou sapatilha, em looks superfemininos.

Ashlee Simpson | Jessica Alba | Victoria Beckham | Rihanna | Fergie


Vitrines









Uso nas ruas










Para onde vai

Assim como os emos nos anos 2000 foram uma derivação do Emotional Hardcore dos anos 1980, os Happy Rockers derivaram dos emos. A tendência é que daqui a alguns anos, a partir deles, também surjam novas subculturas, com a diferença de que agora elas serão permeadas pela internet e por isso cada vez mais híbridas.

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